terça-feira, 11 de setembro de 2012

Deus nos livre desses homens

É fato, e cada vez mais lastimável, que a política partidária trava batalha dentro dos templos religiosos atrás de votos, não importando qual o credo que se professe ali. Os fieis religiosos são vistos como integrantes de rebanhos não só por seus pastores (muitos deles inescrupulosos), mas por políticos inescrupulosos também. 
São como ovelhas prontas a votar em quem "deus" mandar. Claro que as ligações entre a política e a religião são tão antigas quanto a criação dessas duas instituições da civilização humana, mas o que nos admira é que em pleno século 21 os cidadãos estejam sendo, ainda, manipulados como massa de manobra por esses bandos de enganadores.
A impressão que dá é que, hoje, vivemos uma situação de ignorância maior que a que existia há três milênios. As Igrejas e os Partidos políticos têm cada vez mais dinheiro, mais poder, mais influência e, infelizmente, menos vergonha na cara, menos moral e menos ética. 
    

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Sigo sem cegueira.


Escrever todos podem, sabendo. Descobrir que isso é ofício de família é uma surpresa reconfortante. Meu avô escrevia e, como no tempo dele não existia internet nem blogs, ele publicava seus escritos em livros. E escrevia sobre, basicamente, religião. Coincidência escrevermos sobre o mesmo tema? Talvez não. Mas estamos aí com o papel e a caneta à mão. Resolvi dar nova vida aos escritos dele e criei um blog para expor as crônicas que ele publicou há várias décadas. Seu último livro, intitulado Últimas Crônicas foi de 1970. Algumas crônicas já estão no blog Vela de Sebo. Outras tantas virão com o tempo.
A visão dele é completamente diferente da minha. Ele era um apaixonado pela Igreja e suas verdades, mas criticava cada ação que ele entendia como errada. Eu critico e questiono essas verdades e a Igreja, mas não sou apaixonado por elas. Coisas de adolescente rebelde sem causa... Há muito não sou adolescente, e minhas críticas não são tão rebeldes sem causa assim. Sigo seu caminho, não suas ideias. 

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Livre pensar


Eu não quero um deus que me salve. Eu quero homens que não me condenem.                                                              Carlos Dantas

domingo, 8 de abril de 2012

Sacrossanta ignorância

Foi-se o tempo em que a Semana Santa era uma festa religiosa. Hoje é um evento social. E muito rentável. 
De maior país católico do mundo, o Brasil transformou-se na maior panaceia religiosa do mundo com igrejas para todos os gostos, bolsos e pecados.
Essas igrejas estão sempre abrindo mais um "templo" nas esquinas das cidades a cada semana, aproveitando supermercados fechados, galpões abandonados, ou até mesmo pequenas garagens desocupadas. 
E cada uma dessas igrejas toma para si um novo tipo de atrativo para os fieis: o show artístico. Usam-se os mesmos estilos musicais que fazem sucesso e mudam-se as letras, com a colocação de um bocado de "Jesus", "aleluias" e "senhor" e pronto, está tudo transformado em música religiosa que louva aos deuses desses incautos fieis. 
As festas profanas são ojerizadas e condenadas pelos ditos "pastores de ovelhas" por serem consideradas como manifestações "do cão", mas a estrutura que eles usam para a louvação do "senhor" é a mesma: trios elétricos, bandas, muitas luzes, muito som alto, com cantores e cantoras com figurinos especiais, todo mundo "tirando o pé do chão" e gritando aleluia...
Antigamente a Semana Santa era época de reflexão e indulgência. As pessoas iam às igrejas para rezar e ouviam músicas sacras. Hoje a Igreja Católica já perdeu a primazia e a força, e ela mesma já enveredou para as manifestações artísticas para ver se segura seus fieis nas suas hostes, cantando musiquinhas especialmente preparadas e cantadas por padres shows-man. Dessa forma as músicas sacras de verdade foram relegadas aos arquivos e gavetas de partituras.
Mestres da música como Bach, Haendel, Haydn, Mozart, Vivaldi, Palestrina e outros tantos, e até o brasileiríssimo padre Nunes Garcia não são mais ouvidos. Nem poderiam ser, afinal o repertório deles não se coaduna com as atrações designadas para os fiéis nos shows programados para o feriado da Semana Santa, que não é mais tão santo assim. Brega, forró, MPB de qualidade duvidosa (mesmo que fosse boa), sertanejos e por aí a fora é o que o povo "quer" ouvir. De sacro mesmo só umas manifestações teatrais que mostram os últimos dias de Jesus, as famosas "paixões". Aos poucos o povo é levado a pensar que assistir a um "espetáculo" desses faz parte de um roteiro e de uma manifestação religiosa,  e que conta como  atividade religiosa. Não se dão conta nem da tietagem que leva milhares de fãs para ver esse ou aquele ator de televisão nos espetáculos mais famosos. 
Mas para que se preocupar com sofrimentos e orações? O que importa mesmo é se divertir, afinal a vida é dura. Às favas com sacrifícios e coisas parecidas. Jesus já foi crucificado para nos livrar desse mal... Amém.
Dentro das casas o que vale é o bacalhau e o ovo de páscoa. 
Por essas e por outras, Jesus deve estar se contorcendo na cruz e dizendo: "perdoa-os, pai; eles não sabem o que fazem".
  

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Findo mundo


O mundo - essa coisa que chamamos de planeta e nossa vida - está sempre no alvo dos prognósticos catastróficos dos videntes de plantão da humanidade. Na falta de coisa melhor pra fazer, os antigos [e bote antigo nisso] ficavam olhando para o céu e contemplando as estrelas. Naquela época as noites eram escuras e as estrelas podiam ser vistas aos milhares. Hoje mal olhamos por céu, e quando o fazemos  vemos apenas umas centenas de estrelas. O resto foi afogado pelo brilho das luzes que as cidades jogam na atmosfera.
Ponto positivo para nossos amigos do passado e ancestrais.
Mas a imaginação sempre foi a melhor atividade do ser humano. Nós abrimos mão de qualquer coisa para podermos pensar e inventar coisas. Como resultado dessa atividade surgiram os signos, as previsões zodiacais, as teorias heliocentrista e aquelas que determinavam a Terra como centro do universo. 
Para preencher lacunas no conhecimento foram criados os deuses. Assim tudo que não era entendido, era explicado com a criação de um deus, e com suas atividades ora de ira, ora de bondade. 
E de tanto olhar os céus os homens perceberam que estamos dando voltas em torno de alguma coisa, que também dá voltas em torno de outras coisas, que também não estão estáticas. São tantas voltas e tantos ciclos a começarem de novo, que acharam por bem registrar em histórias e previsões nada alvissareiras.
O que me intriga é o por que que nada de bom pode acontecer com a Terra; só coisa ruim... Nenhuma previsão de bom tempo, calmaria, paz de verdade. Só bagaceira!
Assim como podemos ver a chegada de um novo dia a cada manhã, e não damos a mínima importância a esse fato astronômico, podemos ver também os ciclos lunares com suas fases, e o ciclo completo que a Terra faz em volta do Sol em sua jornada de quase 400 dias. A esses fenômenos já damos um pouco mais de importância. Vemos que a massa líquida do planeta se altera sob a regência da Lua, e é importante sabermos as consequências desse movimento. A viagem do planeta se aproximando ou se afastando do sol determina mais ou menos calor recebido, e a duração do tempo em que a luz chega até nós. Há, por isso, as diferentes estações, e vivemos suas mudanças.  Aí alguém resolveu dar um início e um fim ao ciclo de um ano. Comemoramos a "virada" do ano como se fosse um dia diferente. Baboseiras culturais. Divertido, sim, porém tolice.
Quando os ciclos se tornam maiores, supunham nossos primordiais parentes do longínquo passado, que fatos impactantes iriam acontecer. A cada conjunção astronômica diferente, predições que o mundo ia se acabar. Vivemos diversos fins do mundo. Um a cada virada de século; de milênio; a cada alinhamento de Júpiter com Marte e Saturno, e sabe deus com que mais planetas; a cada visita de um cometa.
Na verdade o mundo continua mais firme que nunca. Firme e mutável como sempre, afinal o planeta é tão vivo quanto nós. De vez em quando irrompe de seu interior forças que mexem com a superfície, que é onde nós vivemos. Claro que isso nos afeta. Mas a geologia mostra que a vida no planeta já se acabou pelo menos uma vez. As teorias que explicam isso juntam a instantânea queda de um enorme meteorito, com o derramamento vulcânico por milhares de anos, com a consequente elevação da temperatura da atmosfera. No calor, o desequilíbrio ecológico fez milhões de espécies desaparecerem a vida no planeta praticamente teve que começar de novo. 
Aqui estamos nós esperando o novo fim do mundo. 
Se o universo foi criado no BIG BANG, hoje esperamos o BIG BUM!
Um pouco de derretimento das calotas polares, ventos exóticos, chuvas torrenciais, secas tórridas... De repente todo o mundo se vê frente a frente com mudanças do seu status quo. E ninguém consegue entender.
Como os antigos, explicamos tudo com teorias astronômicas de que o fim do mundo, dessa vez, chega mesmo.
Se pararmos para analisar, já estamos cavando nossa própria sepultura há tempos. E não vá culpar esse ou aquele país. A culpa é tão sua quanto de todos os seres humanos.
Jogar culpa em um ciclo que foi previsto há milhares de anos não vai adiantar muita coisa.
Tente ver o fim do mundo como o fim do dia. Amanhã terá outro. E você vai fazer o que de diferente? Nada. Vai apenas vivê-lo. 
Então, deixe o fim do mundo chegar e, depois, continue sua vida como se nada tivesse acontecido.