O mundo - essa coisa que chamamos de planeta e nossa vida - está sempre no alvo dos prognósticos catastróficos dos videntes de plantão da humanidade. Na falta de coisa melhor pra fazer, os antigos [e bote antigo nisso] ficavam olhando para o céu e contemplando as estrelas. Naquela época as noites eram escuras e as estrelas podiam ser vistas aos milhares. Hoje mal olhamos por céu, e quando o fazemos vemos apenas umas centenas de estrelas. O resto foi afogado pelo brilho das luzes que as cidades jogam na atmosfera.
Ponto positivo para nossos amigos do passado e ancestrais.
Mas a imaginação sempre foi a melhor atividade do ser humano. Nós abrimos mão de qualquer coisa para podermos pensar e inventar coisas. Como resultado dessa atividade surgiram os signos, as previsões zodiacais, as teorias heliocentrista e aquelas que determinavam a Terra como centro do universo.
Para preencher lacunas no conhecimento foram criados os deuses. Assim tudo que não era entendido, era explicado com a criação de um deus, e com suas atividades ora de ira, ora de bondade.
E de tanto olhar os céus os homens perceberam que estamos dando voltas em torno de alguma coisa, que também dá voltas em torno de outras coisas, que também não estão estáticas. São tantas voltas e tantos ciclos a começarem de novo, que acharam por bem registrar em histórias e previsões nada alvissareiras.
O que me intriga é o por que que nada de bom pode acontecer com a Terra; só coisa ruim... Nenhuma previsão de bom tempo, calmaria, paz de verdade. Só bagaceira!
Assim como podemos ver a chegada de um novo dia a cada manhã, e não damos a mínima importância a esse fato astronômico, podemos ver também os ciclos lunares com suas fases, e o ciclo completo que a Terra faz em volta do Sol em sua jornada de quase 400 dias. A esses fenômenos já damos um pouco mais de importância. Vemos que a massa líquida do planeta se altera sob a regência da Lua, e é importante sabermos as consequências desse movimento. A viagem do planeta se aproximando ou se afastando do sol determina mais ou menos calor recebido, e a duração do tempo em que a luz chega até nós. Há, por isso, as diferentes estações, e vivemos suas mudanças. Aí alguém resolveu dar um início e um fim ao ciclo de um ano. Comemoramos a "virada" do ano como se fosse um dia diferente. Baboseiras culturais. Divertido, sim, porém tolice.
Quando os ciclos se tornam maiores, supunham nossos primordiais parentes do longínquo passado, que fatos impactantes iriam acontecer. A cada conjunção astronômica diferente, predições que o mundo ia se acabar. Vivemos diversos fins do mundo. Um a cada virada de século; de milênio; a cada alinhamento de Júpiter com Marte e Saturno, e sabe deus com que mais planetas; a cada visita de um cometa.
Na verdade o mundo continua mais firme que nunca. Firme e mutável como sempre, afinal o planeta é tão vivo quanto nós. De vez em quando irrompe de seu interior forças que mexem com a superfície, que é onde nós vivemos. Claro que isso nos afeta. Mas a geologia mostra que a vida no planeta já se acabou pelo menos uma vez. As teorias que explicam isso juntam a instantânea queda de um enorme meteorito, com o derramamento vulcânico por milhares de anos, com a consequente elevação da temperatura da atmosfera. No calor, o desequilíbrio ecológico fez milhões de espécies desaparecerem a vida no planeta praticamente teve que começar de novo.
Aqui estamos nós esperando o novo fim do mundo.
Se o universo foi criado no BIG BANG, hoje esperamos o BIG BUM!
Um pouco de derretimento das calotas polares, ventos exóticos, chuvas torrenciais, secas tórridas... De repente todo o mundo se vê frente a frente com mudanças do seu status quo. E ninguém consegue entender.
Como os antigos, explicamos tudo com teorias astronômicas de que o fim do mundo, dessa vez, chega mesmo.
Se pararmos para analisar, já estamos cavando nossa própria sepultura há tempos. E não vá culpar esse ou aquele país. A culpa é tão sua quanto de todos os seres humanos.
Jogar culpa em um ciclo que foi previsto há milhares de anos não vai adiantar muita coisa.
Tente ver o fim do mundo como o fim do dia. Amanhã terá outro. E você vai fazer o que de diferente? Nada. Vai apenas vivê-lo.
Então, deixe o fim do mundo chegar e, depois, continue sua vida como se nada tivesse acontecido.